Em um cenário global cada vez mais volátil, com tensões comerciais, cadeias de suprimentos em mutação e exigências crescentes de sustentabilidade, o Brasil vive em 2025 um momento de transição no comércio exterior. Acompanhar os números, entender os gargalos e extrair aprendizados é essencial para empresas que pensam em internacionalização.
Panorama atual: exportações quase estáveis, importações aceleradas
- Os dados mais recentes apontam que as exportações brasileiras registraram uma leve queda de 0,4% no acumulado de janeiro a maio de 2025 em relação ao mesmo período de 2024.
- Em contrapartida, as importações seguem em ritmo mais intenso: em setembro de 2025, atingiram cerca de US$ 27,5 bilhões, contra US$ 23,7 bilhões no mês anterior.
- No mesmo período, as exportações cresceram 7,2% ano-a-ano, para US$ 30,53 bilhões, impulsionadas por ganhos agrícolas (+18,0%) e extrativas (+9,2%).
- Ainda assim, o superávit comercial brasileiro caiu para US$ 7,24 bilhões em maio, o menor para o mês desde 2022, refletindo o aumento de custos e importações.
Esse cenário mostra que crescer em volume não é suficiente se o ritmo de entrada de bens e serviços importados acelera. Para empresas que buscam internacionalização, significa que o ambiente externo está mais competitivo, e o interno, mais exigente.
Aprendizado #1: Diversificar mercados e produtos
Com exportações praticamente estáveis, depender de poucos produtos ou destinos se torna arriscado. Embora o agronegócio continue como força motriz, há espaço para diversificação com produtos de maior valor agregado e serviços internacionais.
“A internacionalização exige que as organizações vejam o mundo como um ecossistema, não apenas como destino de vendas, mas como fonte de inovação, parcerias e novas oportunidades”, afirma Mariana Alves de Assis, CEO da MA2 Comms, hub global de comunicação, tecnologia e inteligência de mercado.
A lição para as empresas brasileiras é clara: olhar além do mercado tradicional e construir relações sólidas e duradouras em novas regiões, especialmente na Ásia e na África, onde o consumo e a digitalização crescem rapidamente.
Aprendizado #2: Investir em cadeias globais de valor
O aumento nas importações mostra que o país ainda depende fortemente de insumos, tecnologia e componentes estrangeiros. Internacionalizar, portanto, não é apenas exportar: é integrar-se às cadeias globais de valor, desde o fornecimento até a distribuição.
Empresas que planejam expandir precisam mapear fornecedores externos, estabelecer parcerias confiáveis e garantir logística resiliente. Isso inclui estratégias de contingência frente a crises tarifárias, climáticas ou geopolíticas.
Aprendizado #3 : Sustentabilidade, compliance e reputação
Os critérios ESG e as exigências de rastreabilidade e transparência se tornaram pré-requisitos para acessar mercados de alto valor. O Brasil ainda enfrenta desafios de imagem em algumas cadeias produtivas, e empresas que pretendem se internacionalizar devem investir fortemente em governança e reputação.
A credibilidade internacional nasce da consistência: certificações, práticas éticas e comunicação transparente hoje definem quem permanece competitivo no cenário global.
Aprendizado #4: Flexibilidade estratégica
Mesmo com bons números em algumas frentes, o comércio exterior brasileiro segue vulnerável a oscilações cambiais e políticas. Em 2025, tarifas impostas por grandes economias reacenderam debates sobre proteção e competitividade.
Empresas com planos de internacionalização precisam agir com agilidade. Testar modelos, mensurar resultados e ajustar rotas rapidamente será o diferencial em um ambiente em constante mudança.
“Não existe plano imutável: o internacional é dinâmico, e as organizações brasileiras que tiverem agilidade vão se diferenciar”, reforça Mariana Alves de Assis.
Caminhos práticos para empresas brasileiras
- Diagnosticar mercados externos e barreiras regulatórias antes de investir.
- Revisar o portfólio e buscar produtos ou serviços de maior valor agregado.
- Diversificar fornecedores e fortalecer a cadeia logística.
- Incorporar sustentabilidade e certificações internacionais à estratégia.
- Estruturar equipes ou parceiros especializados em negócios globais.
- Acompanhar tendências macroeconômicas, cambiais e tecnológicas.
O comércio exterior brasileiro em 2025 reflete um ponto de inflexão: estabilidade nas exportações, aumento nas importações e exigência de reposicionamento estratégico. Para as empresas, internacionalizar não é apenas cruzar fronteiras, é adotar uma visão global de negócios, comunicação e cultura.
“Internacionalizar é expandir fronteiras, de fato, mas também de mindset. É ver o mundo como extensão da empresa, não apenas como destino de venda”, conclui a CEO da MA2 Comms.
Com essa visão, o Brasil pode transformar os desafios atuais em uma base sólida para se posicionar de forma mais competitiva e relevante no cenário global.



