Panorama Econômico de Outubro: o que esperar no último trimestre de 2025

Ao iniciar o quarto trimestre de 2025, o Brasil entra em um momento de tensão e equilíbrio delicado: juros elevados, inflação ainda resistente, câmbio volátil e um cenário global de ajustes monetários que pode alterar o humor dos mercados. Para empresas e consumidores, cada nova leitura de preços, demanda ou câmbio, pode alterar decisões de investimento e consumo. 

Um cenário de juros em patamar recorde 

Na reunião de setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a Selic em 15,00% ao ano, nível historicamente elevado, optando por um “hiato de confirmação” antes de considerar reduções. Essa postura reflete cautela frente aos dados recentes de inflação e à necessidade de ancoragem das expectativas. 

O custo de capital elevado torna mais arriscado financiar projetos, fazendo com que empresas priorizem ganhos rápidos de produtividade e evitem investimentos de longo prazo, a menos que haja garantia robusta de retorno. 

Inflação volta a acelerar 

Em setembro, o IPCA registrou uma variação de 0,48% no mês, pressionado pela energia elétrica e outros itens administrados, empurrando a inflação acumulada para 5,17% em 12 meses. Esse movimento reacende preocupação no Comitê de Política Monetária, sobretudo com o comportamento de preços de serviços, que carregam inflação inercial. 

Caso surpresas positivas persistam, especialmente nos componentes menos voláteis, o Copom terá justificativa para adiar cortes e manter juros altos por mais tempo. 

Atividade econômica: resistência em meio à restrição 

No segundo trimestre, o PIB cresceu 0,4% frente ao trimestre anterior, puxado por avanços nas áreas de serviços e indústria. O consumo das famílias manteve-se robusto, mas os investimentos recuaram cerca de 2,2%, refletindo o ambiente de custo de capital elevado e cautela dos agentes econômicos. 

Ou seja, há sinais de resiliência, mas o crescimento está contido, e dependente de fatores externos e internos alinhados. 

Câmbio sob influências contraditórias 

O dólar flutua entre R$ 5,46 e 5,48, sensível às expectativas do mercado quanto a ajustes monetários nos EUA, à trajetória fiscal local e ao comportamento dos juros de longo prazo globais. Qualquer sinal externo de estresse tende a pressionar o real, reforçando prêmios de risco no Brasil. 

Lá fora: lentes sobre Fed e ECB 

Nos Estados Unidos, o Fed iniciou uma fase de cortes ao reduzir os Fed Funds para 4,00%–4,25% em meados de setembro. A expectativa é de novos cortes até o final do ano, embora a trajetória ainda dependa da inflação e do mercado de trabalho. 

O Banco Central Europeu (ECB), por outro lado, manteve as taxas (depósito em 2,00%), adotando uma postura “wait and see”. A prioridade permanece o controle da inflação e evitar choques em economias já frágeis. 

O que isso significa para empresas e consumidores 

Para as empresas, principalmente aquelas que atuam no financiamento, gestão de investimentos e crédito, a estratégia essencial é ser mais seletivo, priorizar operações seguras e buscar diferenciais competitivos por meio de eficiência operacional e capacidade de precificação. 

Para o consumidor, o cenário é de cautela. Produtos duráveis tendem a ser comprados com mais parcimônia, enquanto serviços e itens essenciais continuarão respondendo em maior grau à renda disponível e crédito. 

Foco no 4º trimestre 

O trimestre será marcado pela leitura de indicadores-chave: 

  • IPCA-15 de outubro: sinal antecipado de pressões de preços. 
  • Ata e sinais do Copom: atenção especial ao discurso sobre o horizonte de política monetária. 
  • Movimentos nos juros longos nos EUA: forte impacto sobre fluxo cambial e prêmio emergente. 
  • Dados fiscais e câmbio local: eventuais surpresas no déficit ou no fluxo de capitais poderão intensificar volatilidade. 

Conclusão 

O fim de ano se inicia com muitas variáveis em jogo. A combinação de juros altos, inflação persistente e ambiente externo sensível exige uma gestão prudente, que privilegie flexibilidade, controle de risco e monitoramento constante. Para empresas, operar com resiliência será mandatório; para consumidores, planejar e partir para escolhas conscientes será o caminho mais seguro. 

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